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Assim eram os modestos primórdios do fim do mundo: a ausência de sonhos.


Indispensável pra quem gosta de fantasia e de mundos extraordinários e bem construídos, As Fadas de Dreamdark é uma tapeçaria emaranhada de fios reluzentes de sonhos enredando letras. A capa não faz jus a narrativa que comporta, nem os erros de digitação e conjugação da tradutora. Tem doses de As Crônicas de Spiderwick e outras ficções infanto-juvenis, mas bem diluídas na obra por uma voz madura que conduz o enredo com a maestria de uma contadora de histórias. Uma vez que começamos a acompanhar a pequena fada Magpie e sua família de corvos na caça de um demônio antigo, não conseguimos nos desvencilhar das páginas. Adentramos um mundo com uma mitologia de criação, criaturas místicas e histórias dentro da própria história em um intertexto fabuloso. Podemos sentir claramente como é estar acomodado na pele de um falcão, dentro do corpo de um corvo ou sendo uma sombra movida através das eras apenas por ódio. A Floresta de Dreamdark, refúgio das fadas escondidas dos Hominis (humanos), possui mágica vibrante e atrativa em cada pequeno fragmento de detalhe.



tem como largar ou não querer saber mais. Não só toda a dimensão criada é apaixonante, mas também os personagens, extremamente cativantes com seus objetivos simples e características únicas. A protagonista é uma matadora de demônios do tamanho de um polegar que combina determinação absoluta e uma humildade que a permite se arrepender dos erros e pedir desculpas. Ela não hesita em fazer o certo, mesmo que esteja sozinha na jornada e mesmo que digam que é impossível. Astuta, leal, inteligente e ferina sem deixar de ser doce e brincalhona, essa é Magpie Windwitch. Os corvos falantes são como membros de qualquer família amorosa, com a pequena diferença de serem cobertos de penas negras. Outros personagens secundários também encantam: seja uma curandeira quase tão velha quanto o mundo, um pequeno ser similar a uma ratazana ou uma fada que conversa com as plantas (e é respondida).



Talon, um príncipe solitário e melancólico, refresca a narrativa com sua personalidade cheia de elementos a serem explorados. As interações dele com Magpie fazem ora rir com gosto, ora sorrir com um pequeno suspiro apaixonado. E o vilão... Nunca pensei que me assustaria com um livro de fantasia infanto-juvenil. Mas esse vilão consegue soprar uma frieza e fome que criam uma atmosfera de medo, terror. Até outras criaturas vis menores conseguem assustar e repudiar: um ser que come a própria carne para abrir um buraco para os lábios cheios de feridas é de enojar.
Mesmo parecendo tão infantil e despretensiosa, a história surpreende com ensinamentos sobre a importância dos sonhos, da lealdade, da família, da determinação e da coragem. Às vezes, precisamos de história açucaradas, permeadas o amargo da realidade, mas embaladas em ondas de magia e esperança que nos carregam e nos alegram, desejando um final feliz.




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